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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

UM HOMEM LIVRE, SEVERINO DE CARVALHO E O MOVIMENTO CULTURAL ANARQUISTA



LIVRO: Um Homem Livre, Severino de Carvalho e o Movimento Cultural Anarquista na transição do século XIX para o século XX (1887-1914);
AUTOR: Carlos Moura-Carvalho;


EDIÇÃO: Alêtheia Editores, 2018, 160 pp.

Um Homem Livre aborda a participação de Severino de Carvalho, bisavô do autor, no movimento cultural anarquista do começo do século XX, em especial na criação do Teatro Livre (1902-08), cujo mote era “Redimir pela Arte, vencer pela Educação”, e na implementação, a partir de 1910, de um modelo de ensino inovador na Escola Oficina n.o 1 na Graça, em Lisboa.
Explorando as semelhanças entre o contexto político, económico, social e cultural e as soluções para a mudança, do começo do século XX com a actualidade, o autor descreve a inspirada estratégia de atuação do movimento anarquista da altura e a enorme coragem e liberdade dos seus membros, que descrentes do sistema, escolheram a cultura como ferramentas para a mudança, com resultados surpreendentes.
Carlos Moura-Carvalho (1967) nasceu em Lisboa, é licenciado em Direito, pós-graduado em Estudos Europeus e em Direito da Sociedade da Informação e trabalha há mais de 20 anos na área da cultura, dos direitos humanos e da propriedade intelectual. Foi advogado, gestor cultural, director geral das artes, administrador da Tóbis Portuguesa, director da Câmara Municipal de Lisboa responsável pelo projecto Alta de Lisboa, membro da Comissão de Classificação de Espetáculos, da Comissão Nacional de Direitos Humanos e de diversas organizações cívicas e movimentos de cidadãos.[AQUI]

J.M.M.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

AS INCURSÕES DE PAIVA COUCEIRO EM 1911

[フレーム]

Incursões Monárquicas from Cinemateca Portuguesa on Vimeo.


Há cem anos atrás, Portugal vivia já um clima de instabilidade.
Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, heroi das campanhas de África e um dos mais resistentes combatentes monárquicos aquando da implantação da República refugiou-se na Galiza e com os seus seguidores invadiu o Norte de Portugal, sobre tudo a região de Chaves, Vinhais e arredores, onde se registaram alguns combates.

As tropas fiéis ao regime republicano, em especial a Marinha, bem como os Batalhões de Voluntários da República, muitos deles constituídos por carbonários, deslocaram-se para o Norte do país para impedir o avanço de Paiva Couceiro.

O filme dos acontecimentos foi agora disponibilizada, depois do apoio prestado pela Comissão para as Comemorações do Centenário da República para restaurar a película que pode ser consultada AQUI.

A.A.B.M.

terça-feira, 7 de junho de 2011

À CONVERSA COM AMADEU CARVALHO HOMEM


Vai realizar-se amanhã, dia 8 de Junho, pelas 18 horas, na Biblioteca Municipal de Coimbra , uma conversa com o Prof. Doutor Amadeu Carvalho Homem.


O tema genérico da conversa vai ser Os Símbolos da República a propósito da polémica que envolveu a escolha da nova Bandeira Nacional, problema a que já fizemos referência AQUI ou AQUI.


Uma iniciativa a não perder.

A.A.B.M.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ANACRONISMOS (NOTAS BREVES PARA UMA POLÉMICA) - PARTE II




A propósito desta nossa polémica com os monárquicos e respondendo ao nosso confrade Luís Bonifácio a propósito da correspondência que publicou, vejamos o que se dizia do lado monárquico, nos últimos anos da Monarquia Constitucional.

Na correspondência que existe publicada por Pedro Tavares de Almeida, recolhida no espólio de José Luciano de Castro, encontram-se várias cartas que comprovam as combinações que se estabeleciam entre os partidos monárquicos para obstaculizar o avanço do Partido Republicano. A que se transcreve de seguida é neste caso bastante elucidativa:

Presidência do Conselho de Ministros
Particular
Exmo. amigo e colega
Falei hoje com o Gov. Civ. de Viana, para me habilitar melhor a responder à carta de Va. Exa.
Como é natural, porque sempre de um lado e de outro se avalia por melhor, não condizem as informações que ele me dá com as que o Espregueira dá a Va. Exa., no tocante à força respectiva dos dois partidos nos diferentes concelhos.

Seria arriscada a maioria para o governo, ligando-se os progressistas, para a combater, com os elementos que o José de Abreu, amigo do João Franco, tem em Ponte de Lima. De outra forma, não o creio.

Mas, dada a boa vontade de Va. Exa. e a minha em caminharmos de boa harmonia, não é nesse terreno restrito que temos de ver a questão.

Va. Exa sabe que eu tracei as circunscrições eleitorais, de forma a garantir ao seu partido uma representação já bastante maior do que a que tinha na passada sessão legislativa, combinando particularmente com Va. Exa.

Ponderou-me, depois, Va. Exa que, para temperar as coisas em Viana, lhe convinha serem por ali eleitos dois progressistas; e o mesmo me ponderou com respeito a Beja. Concordei com uma e outra coisa, se bem que na fixação das maiorias pelos diferentes círculos se compensava já em uns o que em outros houvesse a menos.

Com respeito a Castelo Branco, para mais facilitar a sua acção, propus eu próprio que fossem eleitos dois progressistas, sendo a minoria de um. [...]

Mas, repito, ponho a resolução do assunto nas suas mãos; e se Va. Exa. entender não poder prescindir de que, por Braga, ainda mesmo passando o Queiroz Ribeiro para Viana, seja eleitos dois progressistas, estarei pelo que Va. Exa. resolver. Agora, outros assuntos. Tenho informações de que em diversos distritos se procura fazer propaganda e aliciar adesões, sobretudo entre os padres, para apresentação de candidatos católicos. Compreende bem Va. Exa quanto isto é inconveniente e perigoso; não só para as próximas eleições, como para as que se seguiram, mas para a boa ordem social; fez-se a religião para o culto nos templos, e não para o voto nas urnas. Mas o certo é que o recrutamento se faz: em Braga, em Vila Real, no Funchal; e até em Castelo Branco pensa o Tavares Proença, disputando a maioria, em incluir na lista um candidato católico (não sei se para aliar o Jacinto Cândido).

A Va. Exa peço que, por sua parte, atenda a isto, que é muito grave é. [...]

De va Exa
Colega e Amigo obrigado
Hintze Ribeiro
25-8-901


Estes extractos de uma carta de Hintze Ribeiro a José Luciano de Castro, a propósito das eleições de 1901, é possível detectar algumas das estratégias políticas para manter o poder. A alternância de poder era cada vez mais uma farsa e os monárquicos foram os grandes responsáveis pelo seu falhanço. Os republicanos apenas lhe aplicaram o golpe final, porque depois dos resultados eleitorais de 1908, muitos começaram a convencer-se de que não conseguiriam chegar ao poder pela via democrática (eleições), então era necessário organizar uma revolução que abrisse caminho para esse intento. Esta situação, como bem se sabe provocou clivagens profundas dentro do Partido Republicano, porque outros sempre defenderam e acreditaram que o partido atingiria esse grande objectivo por uma forma que fosse inequívoca. Aproveitaram as circunstâncias e aceleraram o processo.

Nesta época (1901), os republicanos ainda estavam a tentar reorganizar-se, depois dos efeitos do 31 de Janeiro e das decisões do Directório em não ir a eleições durante vários anos, o que causou profundo sentimento de desilusão e abandono das fileiras.

Certamente que houve situações de chapeladas, votações combinadas, caciquismo que infelizmente ainda vai persistindo de forma mais ou menos notória em várias regiões do nosso País. Mas isto são sintomas do nosso atraso enquanto País, porque falta maior participação cívica; porque os Partido Políticos merecem tão pouca confiança aos portugueses, com esquemas de funcionamento que vêm do século XIX, e também por isso mesmo é que mantenho a minha independência.

Provavelmente, serei(emos) muitos a pensar desta forma, mas como português espero e desejo sempre o melhor para o meu País, porque isso será quase de certeza melhor para a população.

Nos próximos dias novas achegas irão surgindo.

[Fonte Bibliográfica: Pedro Tavares de Almeida, Nos Bastidores das Eleições de 1881 e 1901. Correspondência política de José Luciano de Castro, Lisboa, Livros Horizonte, 2001, p. 119-120 procedeu-se à actualização da grafia]
A.A.B.M.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ANACRONISMOS (NOTAS BREVES PARA UMA POLÉMICA)




Nos últimos tempos, a propósito do Centenário da Proclamação da República, alguns monárquicos tentam recuperar a imagem do regime monárquico.

Quem nos conhece pessoalmente ou que nos acompanha em visitas mais ou menos regulares ao blog, certamente nota que temos evitado as apreciações ou depreciações mais ou menos conhecidas. Historicamente, tentamos basearmo-nos em factos e apoiarmo-nos na bibliografia existente que temos disponível. No entanto, não podemos deixar de notar que esses monárquicos para procurarem uma legitimação que actualmente já não possuem, omitem, interpretam e tentam recriar os acontecimentos da forma que os favorece mais.

Muitos dos problemas que o nosso País atravessa são, de facto, de qualidade dos seus dirigentes, mas essa qualidade não é um problema recente. Certamente que alguns dos políticos que nos têm governado, seja na Monarquia, na 1a República, na 2a República (Ditadura), ou mesmo na 3a República cometeram erros que todos os cidadãos acabam por ter que assumir, porque vivemos num país em que muito facilmente se atiram as culpas para os outros e raramente se assume a responsabilidade pelos actos. Temos todos, começando por mim, grande dificuldade em assumir que fizemos uma má opção. No entanto, há uma coisa que não podemos esquecer, é que a liberdade política (Democracia) permite que possamos escolher outros que temos sempre a esperança que sejam melhores.

Na Monarquia já existiam eleições, mas também se sabe que elas de livres tinham só o nome. Mais, os monarcas tiveram o cuidado de votar leis que podiam impedir o progresso eleitoral dos republicanos criando círculos eleitorais mais amplos nas regiões urbanas de Lisboa e do Porto, onde tradicionalmente havia maior votação no Partido Republicano, para conseguirem realizar mais facilmente as famosas chapeladas (colocação de votos nas urnas). Também sabemos que era possível mudar de governo entre os dois grandes partidos monárquicos (Progressista e Regenerador) e, pelo menos a partir da década de 70 do século XIX, houve alguma alternancia de poder, mas os líderes pouco mudavam, a classe política era quase sempre a mesma. Com o aparecimento do Partido Regenerador Liberal, liderado por João Franco, cria-se uma terceira via de alternância, mas não se podia mudar o chefe de estado. Repare-se que não estou a por em causa as qualidades pessoais ou políticas da pessoa de D. Carlos ou de D. Manuel II, mas o certo é que eles não podiam ser eleitos e exerciam o poder pela vida inteira. Isto levanta de imediato o problema de que as pessoas mudavam por uma questão de manter as aparências, porque aquilo que era estrutural nunca mudaria. Para mais havia a questão da hereditariedade, o título era transmitido automáticamente, sem que ninguém fosse chamado a pronunciar-se se era esse o seu desejo ou não. E muitas vezes ficamos com a sensação que alguns monarcas desejavam realizar outras actividades, fossem elas culturais, científicas, de carácter social ou religioso. Esse é para mim um dos grandes defeitos da Monarquia.

Por outro lado, apontam-se também criticas à República que são verdadeiras, mas que fazem parte de todos os momentos revolucionários. Sempre houve e sempre haverá exageros e também os houve durante a República, não temos qualquer dúvida em relação a isso, no entanto também sabemos que quando se vivem momentos revolucionários, de conturbação política e social os acontecimentos ultrapassam as ideias daqueles que os imaginaram e realizaram. Isso aconteceu sempre ao longo da História, seja em Portugal ou no mundo. Houve exageros na Revolução Francesa, com avanços e recuos. Houve situações mal resolvidas durante a República ou mesmo na Revolução dos Cravos, mas as História não existe para de julgar ninguém, mas para analisar e interpretar os acontecimentos. Os protagonistas dos acontecimentos tomaram decisões que só à posteriori se verifica que foram correctas ou erradas.

Alude-se também à questão da liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa era ainda uma conquista a fazer nos finais do século XIX. Note-se que com a crise do Ultimatum e do 31 de Janeiro de 1891 foram encerrados variadíssimos jornais de forma compulsiva, simplesmente porque o poder político monárquico assim o entendeu fazer. Os jornalistas eram presos e julgados por emitirem opiniões contrárias ao poder estabelecido, não só os nomes mais conhecidos da propaganda republicana como João Chagas, Francisco Manuel Homem Cristo, António José de Almeida ou Heliodoro Salgado, outros pelo país sofreram estas perseguições e foram exilados ou obrigados a emigrar.

Finalmente, e porque o texto já vai longo, o problema da adesivagem ao novo regime, que é um fenómeno muito típico em Portugal, mas não só. Muitos dos Monárquicos de renome antes do 5 de Outubro, transformaram-se do dia para a noite nos grandes paladinos do novo regime. Tornaram-se os mais ferverosos dos republicanos, capazes de perseguir os antigos companheiros de política que não mudaram de posto só porque mudou a circunstância. Isso também aconteceu em 25 de Abri de 1974 e muitos ainda estão na política activa, no entanto, o povo tudo esquece e quase tudo perdoa. Daí que muitas vezes sejamos considerados um País de brandos costumes.

A.A.B.M.
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