Skip to content
pensamentos provisórios sobre tudo

Política

Greve nos Institutos Federais

Voltamos ao trabalho depois de mais de dois meses em greve. Internamente, o resultado foi bastante positivo, principalmente porque possibilitou, nas assembleias, a exposição pública dos diferentes interesses e visões sobre educação, como um todo, e sobre os Institutos, em particular.

Estupefato, assisti a defesas da expansão dos Institutos Federais, no geral feita a toque de caixa e no atropelo; escutei gente de peso na minha instituição dizer que o básico para uma aula funcionar é o professor, um quadro e dezenas de alunos… entre outras pérolas. Enfim, tais discursos funcionam como um balde de água fria para quem se entusiasmava com a ideia de que os Institutos se sustentariam “na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos”.

O pressuposto básico, inclusive indicado nominalmente pelos Institutos, é o apelo à articulação institucional entre Ciência, Tecnologia e Educação. Não consigo ver, nesse momento e no geral, uma política consolidada de ciência e de tecnologia nos Institutos Federais. O próprio entendimento do que seja “educação” – tratada como uma equação composta de Professor, Giz e Aluno – reflete bem a pequenez dos Institutos frente aquela já desenvolvida em diversas escolas públicas estaduais e municipais no Brasil.

No meu campus, por exemplo, a internet – essa coisa minimamente básica – oscila e não é confiável. Laboratórios? Corre o risco de formar turmas dos cursos superiores sem terem a oportunidade de fazer experimentos e demonstrações científicas em laboratório. Mais do que questionar a dedicação e esforço desse ou daquele dirigente – e aí falando da instância local – está a crítica a uma política de expansão que poderia ser acompanhada, em mesma rapidez, do aporte financeiro necessário para tal empreendimento.

Sobre reivindicações salariais

Reposição salarial era apenas uma das doze reivindicações grevistas. No entanto, era, talvez, o ponto de negociação que mais esbarrava na absoluta inflexibilidade do atual governo.

Por exemplo: ao se negar receber os representantes sindicais em reunião para debater o Plano de Carreira (estavam presentes o Andes e o Proifes, representando professores das universidades federais), o Ministério do Planejamento repetia ad nauseam que não negociava com grevistas. Para um governo que teve suas origens no sindicalismo de enfrentamento – e, por isso, pagaram alto preço, como a prisão de vários líderes – a gestão petista da Sra. Dilma é extremamente CONTRADITÓRIA.

No mais, não se reivindicava aumento salarial; o que se pedia era uma reposição das perdas salariais em função da inflação anual. Todo trabalhador tem que ter esse direito garantido. A gestão federal do Partido dos Trabalhadores, no entanto, não se sensibilizou com um problema típico dos… trabalhadores.

Pois bem. Greve findada, o que todo trabalhador espera é o cumprimento do Governo do indicativo de que as negociações se iniciem. Negociações que reflitam, sobretudo, a imperiosa necessidade de valorização da educação, não mais como discurso eleitoreiro, mas como efetiva política pública.

Lula, o SUS e o câncer

Posted on Leave a comment on Lula, o SUS e o câncer

Desde a eleição de Lula que eu escutava sobre um tal “preconceito social” contra o agora ex-presidente. O episódio do câncer que o acometeu, divulgado nesse final de semana, parece reacender a discussão. Os comentários de internautas têm sido tão abjetos que motivou um colunista da Folha de S. Paulo a escrever sobre.

No Facebook, uma campanha defende o tratamento de Lula no SUS. Essa campanha é tão demagógica quanto aquele projeto do Senador Cristovam Buarque que acredita que a saída para o sistema público de educação é a matrícula de filhos de políticos em escolas municipais e estaduais.

A hipótese da presença do preconceito social se fortalece na medida em que se constata nenhuma indicação de tratamento ao SUS feita para o rico empresário Jose Alencar. Pelo contrário: qualquer brasileiro de bom coração se comoveu com a luta pela vida e o ânimo do ex-vice-presidente da República. Porque não dar o mesmo tratamento ao indouto ex-torneiro mecânico? Ora, essa reação estúpida só exibe a “teresacristinice” de muitos brasileiros. Querendo ou não, a ascensão social de Lula lhe permite usufruir daquilo que seu dinheiro compre.

Aliás, as melhores linhas escritas que li sobre esse assunto traduzem essa argumentação facebookiana assim:

Os brasileiros, em sua maioria, sao tristemente patéticos. Nao demorou para que, além das péssimas piadas sobre o terrível diagnóstico, começassem com aquela bobagem de que Lula, por ser político e ex-mandatário, deveria usar o SUS. Pura hipocrisia.

Ele hoje tem dinheiro e, por óbvio, gasta como quiser. Passando essa obviedade, há um dado ainda mais problemático: se realmente vai ao SUS, ele tira a vaga de alguem sem condições, guardando seu dinheiro no banco. É isso que “defendem” nossos mestres da lógica.”

Força, Lula. Força, portadores do câncer, não importa se em hospitais públicos ou particulares, se filiados ao PT ou ao DEM. Força.

Sobre o finado Kadafi

Posted on Leave a comment on Sobre o finado Kadafi

Com comentários rapidinhos sobre a violenta morte de Kadafi, ninguém no Manhattan Connection – meu programa predileto de comentários sobre o noticiário internacional – tocou no que, pra mim, é essencial: encerrar uma estupidez (o governo ditatorial de Kadafi) com outra estupidez (um assassinato) só evidencia a bestialidade dos rebeldes. Seria, na prática, uma troca de seis por meia dúzia no comando líbio. Os dois grupos (Kadafi e rebeldes) se identificam pelo tratamento dado aos inimigos políticos. O abjeto filme, retratando um Kadafi trôpego e banhado em seu próprio sangue, é surreal. É o fim de qualquer versão romântica dos rebeldes e da versão líbia de uma tal “primavera árabe“.

Mayara Petruso, nordestinos afogados e o medo na cidade

Findadas as eleições, os ânimos continuam acirrados. Eleitores de Serra acreditam que os nordestinos foram responsáveis pela eleição da nova presidente do Brasil. Uma bobagem, já que, excluídos os votos do Nordeste, o resultado da eleição presidencial seria o mesmo. No entanto, nesse barco preconceituoso já embarcou uma multidão louca para achar nos nordestinos um bode expiatório. No fundo, há um incontido horror pela escolha presidencial ser definida pela massa pobre e desvalida de brasileiros – que, para a elite branca paulistana, recebe o nome de "nordestino". Pobre não deveria votar é a lógica implícita.

Sobre a análise do caso dessa avalanche de preconceito contra os nordestinos desencadeada pelo "desabafo", via twitter, da jovem Mayara Petruso, recomendo o texto excelente publicado no Blog do Rovai. No que concordo, aliás, integralmente. É o melhor texto que li sobre toda essa confusão. São os mesmos fascistinhas, como ela, que gritam histericamente, na internet, contra as históricas conquistas no Brasil desses últimos anos.

Coincidentemente, estava lendo "Confiança e medo na cidade", de Zygmunt Bauman. Lá no seu terceiro capítulo (uma transcrição de palestra, na verdade), Bauman escreve sobre "gente supérflua". Embora faça referência às migrações populacionais em solo europeu, pode, também, ser apropriadamente utilizada para análise desse preconceito estúpido (foi mal o pleonasmo) manifestado pela paulistana e acompanhado por muita gente.

Diz Bauman:

"Desde o ínicio, a modernidade produz ‘gente supérflua’ – no sentido de que é inútil, de que suas capacidades produtivas não podem ser exploradas de maneira profícua. Para falar de forma mais brutal, sem meios-termos, para as ‘pessoas de bem’, seria melhor que essas outras pessoas desaparecessem de vez. (...) Como todos sabem, o conceito de superfluidade não implica qualquer promessa de melhora, de remédio, de indenização. Não, nada disso. Uma vez supérfluo sempre supérfluo" (p. 80).

Sem remédio, sem melhora: a saída que uma parte da elite desse país consegue ver a sua frente é afogar, sem piedade, os miseráveis desse país.

Picaretagem

Posted on Leave a comment on Picaretagem

Muitos blogs por aí (Sedentário, Um passinho a frente, Brainstorm9, Zebra da hora, Blog do Rovai – entre outros) já divulgaram a excêntrica campanha do candidato a deputado federal Jeferson Camillo, do Partido Progressista (SIC!) de São Paulo. Tratam-se de diversos vídeos com conteúdo sexual, de um lado, e um “jingol” (SIC!!!) evangélico, de outro. Algo como acender uma vela para Deus e outra para o demônio, sei lá.

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/CQEL_r0dXQ4]

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/2MpYOfgjikQ]

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/WG-9z1CL6qk]

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/jid9Fkyy3Ns]

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/WWTLVcNIoM0]

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/1sg2jCFaN3I]

[埋込みオブジェクト:http://www.youtube.com/v/3EsjP_1ptt0]

O que poucos lembram é que o indivíduo desejoso de se tornar um ilustre deputado participou de uma farsa que alcançou os noticiários nacionais (veja aqui no JB, O Globo e Terra). Em 2009, um tal Instituto Gomes Pimentel premiava mais de cem instituições de ensino. À época, noticiou-se que o prêmio saía por até dois mil reais. Isto é, as instituições de ensino – muitas delas medíocres – pagavam por um prêmio que, aos olhos da sociedade, era um reconhecimento ao suposto excelente desempenho auferido.

Como se isso não bastasse, um vídeo postado pelo próprio Jeferson Camillo (abaixo) atesta outra pilantragem. Nos primeiros segundos do vídeo, a logo do Governo Federal aparece, sugerindo supostos apoio e avalização do evento. Apresentado como “representante do MEC”, o hoje candidato fez referência ao ministro, bizarramente chamado de Fernando “Hadades”. O MEC, claro, disse desconhecer o senhor Camillo.

[埋込みオブジェクト:http://www.videolog.tv/ajax/codigoPlayer.php?id_video=498838&relacionados=S&default=S&lang=PT_BR&cor_fundo=FFFFFF&cor_titulo=777777&hd=S&swf=1&width=]

No site de campanha, ele se diz preparado para ser deputado federal. Com esse histórico recente, eu, sinceramente, não duvido…

Direitos humanos e… Cuba.

A discussão sobre os direitos humanos em Cuba está bombando em uma lista de discussão que participo. Não era para tanto.

Explico.

É evidente que não há liberdade de expressão ampla e irrestrita em Cuba. Alguns argumentam que as passeatas das mulheres cubanas indicam o contrário; uma bobagem, porque, mesmo nos mais duros tempos da ditadura brasileira, também por aqui aconteciam manifestações públicas. E, ademais, a imagem de mulheres sendo presas por isso (ah, sim, houve prisões!) é uma prova de que a liberdade, em Cuba, é vigiada.

~*~

Uma forma de desviar a discussão é levantar os problemas com os direitos humanos nos EUA e na Europa. “Ué, o que os EUA fazem em Guantánamo?”; “Olha a hipocrisia aí: fulano de tal, migrante na Suíça, faleceu de greve de fome por protestar contra a xenofobia européia, e ninguém fala nada!”.

Ora, o que se deve fazer é CONDENAR qualquer violação dos direitos humanos. Aí, sim, a burrice ideológica cega: ali, enxergam apenas os crimes cubanos; acolá, apenas os perpetrados por outras nações.

~*~

Não deixa de ser curioso, por outro lado, os diversos partidos de esquerda no Brasil silenciarem sobre a ditadura do PARTIDO ÚNICO cubano. Se lá estivesse, a variedade faunística do PT ao PCO seria resumida em uma única legenda…

O novo socialismo

Posted on Leave a comment on O novo socialismo

Paulo Skaf e Gabriel Chalita são as novas estrelas do socialismo paulista, etiqueta PSB.

Fiquemos assim: no Brasil, o que deveria ser NÃO É. Sociais-democratas não têm escrúpulos em defender políticas neo-liberais, liberais não se envergonham em se beneficiar da enorme máquina do governo, comunistas apóiam governos que respeitam o sagrado instituto da propriedade privada…

Daí ser natural daqui uns anos o eleitor de esquerda, por coerência, votar no PRONA.

Manifesto Público – Brasileiros em Honduras

Tá circulando por aí, em blogs insuspeitíssimos e isentos, um manifesto supostamente feito pela comunidade brasileira em Honduras.

O manifesto se posiciona contra uma tal “ingerência” da política externa brasileira nos assuntos internos hondurenhos e é assumidamente favorável ao movimento golpista que se instalou por lá.

Mas o tal manifesto, hipoteticamente porta-voz da comunidade brasileira, foi elaborado e assinado por um núcleo (familiar?) muito restrito: quatro nomes, ambos da família “Castillo” (essa tradicional família brasileira…), residentes em San Pedro Sula.

Bastante representativo, não?

Pif paf

Posted on 5 comentários em Pif paf

Duas historinhas abaixo.

~*~

O DFTV, jornal local da TV Globo de Brasília apresentado pelo Sr. Alexandre Garcia (antes lustrador das botas milicas, hoje ferrenho defensor das liberdades cidadãs) e Srta. Fernanda de Bretanha (que diariamente briga com o teleprompter, engasgando uma frase aqui outra acolá), flagrou um policial estacionado em vagas para deficientes em maio desse ano.

Pouco mais de dois meses depois, um carro da mesma emissora foi fotografado no Aeroporto de Brasília. Onde? Na vaga exclusiva para viatura policial.

~*~

Comemorou-se por aqui a queda na taxa de acidentes de trânsito. Várias reportagens elogiaram esse pacto da vida estabelecido pela tal “Lei Seca”. Em uma ou outra reportagem, a emissora exibia, com visível satisfação, os fiscais do DETRAN-DF enquadrando motoristas que mal se sustentavam sobre duas pernas. Os dois paladinos da moralidade regozijaram. Até que…

Bem, Bretanha, essa semana, foi pega dirigindo alcoolizada. A jornalista está afastada como âncora do telejornal até que os brasilienses esqueçam do fato. Certo.

~*~

Li por aí que seria hipocrisia criticar a apresentadora: os jornalistas não estão acima dos erros que nós, humildes mortais, cometemos. Uélll, eu achava o contrário, mas tudo bem… O problema não é pisar na bola. O problema está em estabelecer padrões morais rígidos e, em sequência, ser enquadrado pelo próprio julgamento. Isso sim é hipocrisia.

Fogo amigo?

Posted on 3 comentários em Fogo amigo?

Não deixa de ser curioso o insucesso da proposta de intervenção na economia de Mr. Bush, planejando injetar bilhões de dólares no bolso dos banqueiros de Wall Street. O plano genioso do "Cérebro" murchou porque os congressistas republicanos votaram, em maioria, contra a proposta. O caubói texano, embora pertencendo ao grupo que defende o estado mínimo, entendeu rapidinho (ao contrário dos demais correligionários no legislativo) a máxima do grande filósofo brasileiro, Mestre Edu:  pimenta neoliberal no cu dos outros é refresco.

AltStyle によって変換されたページ (->オリジナル) /