Terceiro goleiro
Se já é difícil pro goleiro reserva jogar, considerando que os arqueiros titulares fazem questão de atuar até mesmo em partidas amistosas que valem nada, imagine então como é a vida de um terceiro goleiro. Ele é aquele cara que possui o melhor emprego do mundo, ganha um bom salário para não jogar nunca, e é o único atleta que pode ir pra noitada e encher o rabo de cachaça sem ninguém encher o saco, afinal ninguém nem lembra que ele existe mesmo. Mas o terceiro goleiro é como seguro de vida, ninguém espera ter que usar, e muitos consideram um gasto inútil, mas no momento do aperto, ele tem que estar lá para garantir que tudo vai acabar bem.
Mas se tem um terceiro goleiro de sorte, é o terceiro goleiro de seleção campeã do mundo, o cara faz turismo com todas as despesas pagas e ainda ganha uma medalha de ouro só por assistir aos colegas jogarem, acompanhando as partidas de lugar privilegiado.
Atribuições[editar ]
O terceiro goleiro é uma criatura rodeada de mistérios. A função do goleiro titular é clara, ele tem que defender a meta de sua equipe. A do goleiro reserva também, ele deve chegar arrepiando na voadora na hora da briga. Mas ninguém sabe exatamente o que o terceiro goleiro faz. Alguns treinadores mais precavidos até levam o terceiro goleiro para compor o banco de reservas, mesmo sabendo que ele não irá entrar nunca, pois é mais fácil um jogador de linha acabar indo para o gol do que o terceiro goleiro entrar em uma partida. Talvez a função do terceiro goleiro seja abraçar o treinador na hora que a equipe faz o gol.
Um terceiro goleiro que executa bem a sua função geralmente fica mais ou menos três anos sem jogar. Se por um acaso ele acabar entrando em uma partida, as cãibras serão suas inseparáveis companheiras, mesmo ele não correndo. Aí é que entra uma questão existencial, se o terceiro goleiro vier a finalmente jogar e não aguentar o ritmo da partida, quem entraria em seu lugar? Não existem registros de quartos goleiros em qualquer elenco, então provavelmente quem entra para defender a meta seja o roupeiro da equipe, ou o presidente do clube.
Apesar de serem criaturas esquecidas pela humanidade, os terceiros goleiros finalmente receberam oportunidades em 2017. No Flamengo, após Diego Alves fraturar a clavícula ao levar um chute quádruplo na coluna e Alex Muralha virar meio-fio, quem teve que entrar foi o terceiro goleiro, César, que foi escalado como titular e pegou até a tua mãe, aquela bola de capotão. No Corinthians, com a convocação de Cássio Ramos e a lesão de Walter, que conseguiu se machucar sozinho, o terceiro goleiro Caíque França assumiu a titularidade numa gelada, entrando em jogos que valiam o título, e logo mostrou sua habilidade: na primeira finalização adversária feita contra a sua meta, ele levou o gol.