Camisa 10 clássico
Este artigo fala sobre algo ou alguém que sumiu completamente do mapa! Provavelmente foi sugado por um buraco negro, se mudou para a Casa do Caralho ou foi só sequestrado, torturado e morto, mesmo.
Todas as equipes de futebol, em um determinado momento do campeonato, enfrentam aquelas retrancas reforçadas, que não deixam passar nem pensamento. Equipes que não tem vergonha de entrar em campo com dois zagueiros-zagueiros, três volantes truculentos e dois laterais que só sabem bater. Para furar defesas como essa, aquele velho esquema de ficar fazendo 1-2 não é eficaz, pois é muito mais fácil os atacantes perderem a perna quando forem forçar a passagem do que a jogada dar certo. É nestas horas que a equipe precisa de um camisa 10 clássico, capaz de fazer lançamentos longos com alta precisão, enfiar bolas nas costas dos zagueiros (de uma maneira como só macho faz, claro), bater faltas com precisão milimétrica e fazer cruzamentos na medida para os atacantes empurrarem para as redes. Esta entidade precisa ser versátil, ativa e passiva, executando com maestria todas as funções do meio-campo para frente.
Atribuições[editar ]
Apenas por carregar a camisa 10, o camisa 10 clássico é o mais cobrado do time, é ele quem deve chamar a responsabilidade e evitar que os muros do CT apareçam pichados com frases com erros ortográficos após as partidas. Todos esperam que ele resolva as partidas mais complicadas, afinal não faz sentido cobrar boas jogadas ofensivas de, por exemplo, volantes truculentos, que entram em campo apenas para bater até na mãe e não possuem qualidade técnica alguma.
Dentro de campo, o camisa 10 clássico é aquele que fica posicionado a frente do segundo volante, recebendo as bolas, de uma maneira máscula, sempre, e armando as jogadas para a sua equipe fazer os gols. Por conta disto, o camisa 10 clássico é o segundo cara com a maior quantidade de recursos em sua equipe, podendo utilizar-se de dribles, lançamentos, bolas enfiadas, poderosos chutes de média e longa distância com incrível precisão e força, cruzamentos precisos, etc. Em termos de possibilidades, eles perdem apenas para os zagueiros-zagueiros, que possuem uma caixa de ferramentas própria, e fazem uso de todas elas.
Também são eles os responsáveis por bater as faltas, todas elas, além dos pênaltis e as vezes até os escanteios. Eles precisam obter uma taxa de acerto na bola parada de, pelo menos, 90%, senão são apenas zé-ruelas que não podem jogar em time grande, digassi di passagi. Vale lembrar que as batidas precisam ser sempre de trêis dedo, até as faltas cobradas lá na defesa.
Mas a principal atribuição de um camisa 10 clássico, sem dúvidas, é bater de longe, se não chutar pelo menos umas dez bolas pro gol, ele só pode estar com lombriga. Este é o principal fetiche daqueles que anseiam por ver uma partida jogada por um camisa 10 clássico, que precisa estar sempre bem posicionado para, quando receber a pelota do segundo volante, enfiar o pé na bola e mandar lá no ângulo, ou lá na arquibancada, como na maioria dos casos.
Por serem atletas que dependem mais da técnica do que do físico, alguns camisas 10 clássicos acabam dormindo em campo, Ganso que o diga, não se movimentando, passando a ser como um cone de carne que apenas ocupa espaço. Nestes casos, o camisa 10 clássico passa por uma metamorfose, e passa a ser um meia sonolento, outra entidade emblemática do futebol, presente em quase todas as equipes, aquele cara que apenas assiste a partida de lugar privilegiado, e não consegue acertar um único passe.
No fim, não existe um camisa 10 clássico, apenas lendas sobre este ser. Talvez o único que cumpre com todos os requisitos que se espera de um camisa 10 clássico seja o Doga barriga de cadela prenha, mas ele está no meio-campo entre ser um 10 clássico e um meia sonolento. A situação tá tão feia, que o considerado "último camisa 10 clássico do futebol brasileiro" é o Lucas Lima, um cara com incríveis 1 gol no Brasileirão de 2017, um cara com a função de marcar gols e resolver partidas que fez menos gols do que zagueiros. Se falta esta entidade que decida partidas, o que sobra é povoar o meio-campo com volantes truculentos e ganhar as partidas na base da pancada, ou na base das cenas lamentáveis.